O mês de abril é dedicado à Revista, com temáticas
internacionais tais como a paz e a erradicação da pólio. Para o almoço-palestra do mês, realizado no dia 9 de abril, pelas 13:00, o RCF selecionou uma temática de um
profissional com sucesso na área da medicina, mais especificamente a
medicina dentária. o Dr. Gil Caroto proferiu uma curta palestra em ambiente de confraternização e de troca de ideias. Já colaborou com o RCF, na
qualidade de Presidente da Associação Musical do Grupo de Bandolins da Madeira, na
dinamização da atividade musical no Lar da Tabua, no dia 23 de março de 2013.
“História da Medicina Dentária em Portugal”
- Criação das primeiras faculdades de medicina dentária em Portugal, saúde oral antes e depois destas.
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Foram, igualmente, abordadas além da mobilidade de profissionais em várias áreas, numa perspetiva diacrónica, além da ética profissional, tão cara numa época em que muitos dos valores estão a ser questionados, em prol de outros de cariz mais utilitário.
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Esteve também presente um companheiro rotário finlandês a quem oferecemos a flâmula do RCF.
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Publicado a 09 Abril 2013 por João Toledo
(cf. video: http://www.diariocidade.pt/?p=53113)
"Gil Caroto defende que a medicina dentária
deveria ser incluída no Serviço Regional de Saúde, tendo em vista abranger um
maior número de pessoas.
O médico dentista Gil Caroto considera que
os madeirenses “estão muito bem” a nível de saúde oral, a qual oferece grandes
níveis de qualidade aos utentes. No entanto, “a Região começa a ter excesso de
profissionais nesta área, o que tem levado alguns médicos dentistas a emigrar”,
apontou.
Aquele responsável indicou, ainda, que a
Madeira tem atualmente cerca de 170 dentistas. “Este número dá um rácio de mais
ou menos de 1500 habitantes por dentista, número que vai de encontro aos
padrões que a Organização Mundial de Saúde defende”, sublinhou.
Todavia, Gil Caroto frisou que a medicina
dentária no território nacional é maioritariamente privada. “Sendo privada, há
uma fatia significativa da população que não tem acesso à medicina dentária.
Portanto, como há 30% de pessoas em Portugal que não vai ao dentista este rácio
fica alterado e passamos a ter muita mais oferta de dentistas do que trabalho
para esses mesmos profissionais”, observou.
Assim, o médico dentista reitera que as
consultas de medicina oral deveriam ser incluídas no Serviço Regional de Saúde,
tendo em vista a tornarem-se acessíveis a um número alargado da população. “A
Ordem dos Dentistas há muitos anos tem batalhado para que isso aconteça.
Infelizmente, isto não tem acontecido por razões economicistas. E se isso era
verdade há 10 ou 15 anos atrás, imagine agora. Ou seja, não vejo que essa porta
se vá abrir tão cedo, embora seja uma necessidade premente”, frisou.
Em relação a possíveis novos cortes na
área da Saúde, Gil Caroto defende que os mesmo só devem ser feitos se não porem
em causa a qualidade dos cuidados de Saúde. “Se conseguirmos cortar nas
chamadas gorduras da organização, ou seja, acabar com alguns vícios, nesse
sentido eu acho muito bem, pois torna o investimento dos nossos impostos mais
profícuo e mais consequente. Agora se é para cortar na Saúde, diminuindo-se a
qualidade dos serviços, obviamente que sou completamente contra uma situação
destas”, afirmou.
Gil Caroto falava hoje à margem do
habitual almoço-palestra do Rotary Club do Funchal. Na ocasião, o médico
dentista falou aos presentes sobre a história da medicina dentária em Portugal."
Dr. Gil Caroto
Licenciado
em Medicina Dentária, pela Escola Superior de Medicina Dentária de Lisboa (31
Julho 1990).
Curso
de Métodos de investigação em Medicina Oral nos Estados Unidos da América,
Universidade de Washington (1995).
Presidente
do conselho de administração do grupo IPROCLINIC
Director
clínico do IPROCLINIC Funchal.
Condecorado
com a Medalha da Cruz Europea de Oro,
pela “Fundación AEFE - Fundación De La Agrupación Española De Fomento
Europeo. 2012.
Ex-
membro do corpo docente da Faculdade de Medicina Dentária de Lisboa
(1990-2006)
Membro
do General Dental Council – GDC.
Pratica
clinica exclusiva na área da Implantologia, Reabilitação Oral, Disfunção da
A.T.M. e dor crónica da cabeça e do pescoço.
ACTIVIDADES ACADÉMICAS
Professor
responsável pela disciplina de Oclusão do Curso de Técnico de Prótese
da Faculdade de Medicina Dentária de Lisboa (1996/2000).
Assistente Convidado
na disciplina de Oclusão, Reabilitação Oral e Dor Crónica da
Cabeça e Pescoço (1996/ 2006).
Monitor
Voluntário no Departamento de Ortodontia, tratamento de doentes com fenda
palatina sob a direcção do Prof. José Pereira da Cruz (1988/89).
Homenageado pelo
Professor da disciplina de Oclusão, Professor Doutor Simões do Santos e pela
Faculdade de Medicina Dentária de Lisboa pelos serviços prestados a esta
instituição (1996).
Desenvolveu
projecto de doutoramento, "Efeito dos antidepressivos tricíclicos na dor
crónica da cabeça e pescoço", na Faculdade de Odontologia em
Bauru, Brasil (2004).
ACTIVIDADES PROFISSIONAIS
Exerce
actividade profissional como Médico Dentista em regime de clínica privada desde
1990 - Pratica clinica exclusiva na área da Implantologia, Reabilitação Oral,
Disfunção da A.T.M. e dor crónica da cabeça e do pescoço. Médico Dentista nos
serviços da TAP, Lisboa, tendo terminado a sua atividade como diretor clínico
destes serviços (1991/1993).
Exerceu
funções clínicas na consulta externa de Ortodôncia da Faculdade de Medicina
Dentária de Lisboa (1991/1995).
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"A medicina dentária em Portugal inicia-se precisamente no ano de 1975, através de decreto-lei nº 282/75, que cria a Escola Superior de Medicina Dentária de Lisboa.
Podemos, assim, afirmar que até à criação das faculdades de medicina dentária e, de uma forma geral, tínhamos cuidados de medicina oral de baixo nível técnico. Os profissionais, então existentes, eram os estomatologistas, médicos sem formação estomatológica, os odontologistas e os dentistas ilegais. estes últimos proliferavam por todo o Portugal, incluindo nas terras ultramarinas e ilhas adjacentes, como se chamavam à data.
Os estomatologistas tinham especialidade médica que tinha uma pós-graduação na área da saúde oral, mas sem formação estruturada. Isso fazia com que a grande maioria dos serviços e médicos de estomatologia tivessem níveis técnicos fracos relativamente aos países mais evoluídos nesta área. Convém aqui referir algumas exceções, quer em serviços de estomatologia, quer em profissionais desta área.
Os médicos sem formação em estomatologia eram, normalmente, clínicos gerais que, nas terras mais recônditas, onde não havia resposta aos problemas das doenças da boca e dos dentes, eram eles que tratavam estas situações, como podiam e sabiam!
Os odontologistas, alguns indivíduos que se dedicavam ao fabrico de próteses (Mecânicos) e que depois de se familiarizarem com alguns tratamentos dentários (extracções e pequenas obturações), foram legalizados para este efeito, através de uma lei, ainda no tempo do Presidente do Concelho Dr. António Oliveira Salazar.
Os dentistas ilegais eram formados por um grupo muito heterogéneo de indivíduos, desde o enfermeiro militar ao fabricante de próteses, ao sobrinho que aprendia a "arte" com o tio, etc, etc, etc.. Grupo este sem nenhuma formação teórica ou teórico-prática.
Apesar desta babilónia de competências ou de incompetências, reinava a atitude do "desenrasca". Se por um lado os tratamentos eram pouco convidativos, no sentido do paciente aderir ao protocolo terapêutico, por outro lado, não havendo uma mentalidade de prevenção, os potenciais pacientes só procuravam cuidados de saúde oral, no limite das sua capacidades de suportar a dor ou o incómodo, devido a algum desarranjo dentário ou oral.
É nesta amalgama de profissionais e competências que surge a Escola Superior de Medicina Dentária de Lisboa em 1975, como referimos atrás, seguida das instituições idênticas no Porto e em Coimbra.
A partir desta data a formação, nesta área, começa a ser muito forte com a ajuda de profissionais/professores de outros países, nomeadamente da Escola de Bergen, na Noruega.
O início deste novo projeto é vivido por alunos, professores portugueses e estrangeiros, com grande motivação. Poderemos dizer que o entusiasmo era tão grande que alunos e professores respectivamente ultrapassavam largamente a sua carga horária de permanência no espaço-escola, pois a vontade era de ensinar o máximo e de aprender tanto quanto possível, pois foi entendido, à data, e bem, que estes alunos quando terminassem a sua formação académica teriam que entrar no mercado de trabalho com plenas capacidades para tratar os problemas de saúde oral que, naquele contexto, eram transversais a toda à população. E assim aconteceu até aos dias de hoje.
Actualmente a Medicina Dentária padece de alguns problemas sistémicos:
Excesso de Faculdades de Medicina de Dentária em Portugal, públicas e privadas, o que faz com que o número de licenciados, nesta área, tenha crescido em exponencial geométrica. Neste momento temos em Portugal aproximadamente sete mil e quinhentos Médicos Dentistas, prevendo-se que daqui a cinco anos este número atinja os quinze mil Médicos Dentistas. Ora estamos a falar de um número que ultrapassa largamente as necessidades do País.
Com a perda de qualidade no ensino pré-graduado, com o aumento do número de alunos por faculdade, diminuímos o rácio número de professores/número de alunos e, por conseguinte, num curso com uma componente muito técnico-prática, obviamente que a qualidade de formação. Há falta de especialistas e formação pós-graduada, nas várias áreas especialidades da medicina dentária, por não haver ainda, em Portugal, grande oferta de ensino pós-graduado nas várias vertentes da saúde oral.
Para terminar esta pequena resenha histórica, dizer que a razão improvável da criação da Medicina Dentária em Portugal, num contexto de plena revolução, pós 1975, deveu-se ao facto do Professor Joao Bação Leal, pai da ortodontia em Portugal ter, nessa altura, grande influência política que fez com que fosse criada e publicada a já referida lei 282/75 que criou a Escola Superior de Medicina Dentária de Lisboa, hoje Faculdade de Medicina Dentária de Lisboa.
Para terminar quero prestar homenagem ao Professor, colega, amigo e confidente, já falecido, Dr. Armando Simões dos Santos que, fazendo parte da primeira comissão instaladora da Escola Superior de Medicina Dentária De Lisboa, foi o grande obreiro da continuidade de um ensino de qualidade e, por isso, é mencionado por muitos profissionais, desta área, como o Pai da Medicina Dentária moderna em Portugal."
